COMUNICAÇÃO E SAÚDE

 

Qual a importância da Comunicação para o campo da Saúde?
É possível pautar a comunicação a partir dos princípios e diretrizes do SUS? Como?

    A partir da leitura, da aula e do vídeo disponibilizado gostaria de fazer as seguintes considerações:

Para responder essas perguntas utilizei o material disponibilizado no moodle na UPP SAÚDE, SOCIEDADE E HUMANIDADES IV, professora Cris.

Primeiramente, importante salientar que a comunicação no campo da saúde não pode ser tratada como uma estratégia de marketing, a qual busca o lucro e trata as pessoas como clientes. Dessa forma, a comunicação no campo da saúde deve buscar o aperfeiçoamento do sistema público de saúde, estabelecendo debates públicos de temas de interesse da população, além de objetivar a participação da população na construção de políticas de saúde.  

A comunicação não pode estar dissociada do planejamento/gestão, da epidemiologia, da informação em saúde, da educação em saúde e da população, devendo atuar em ações de prevenção e promoção de saúde.

Referente aos princípios do SUS, estes são divididos em doutrinários (universalidade, equidade e integralidade) e organizativos (descentralização, hierarquização e participação social).

UNIVERSALIDADE – A saúde é um direito universal, um direito de todes. Assim, na comunicação teremos o fato de que a comunicação é um direito de todes, a qual deve ser democratizada para que as pessoas tenham acesso as informações necessárias. É de extrema importância que toda a população tenha acesso as informações de saúde, sendo a comunicação responsável por essa difusão, promovendo saúde. Também, deve-se ter espaços para a população que tem acesso ao serviço possa ser interlocutora, não somente destinatária de informações. Salienta-se que a comunicação deve ser realizada em forma de rede e não em forma verticalizada, na qual a população somente sabe o que é disponibilizado pelo Estado ou pelas grandes mídias.

EQUIDADE – Deve-se proporcionar condições de vida e saúde a toda a população respeitando suas diferenças e compreendendo cada pessoa em sua especificidade, devendo-se tratar os diferentes de forma diferente. Salienta-se que caso ocorra um mesmo tratamento para toda a população não se estará obedecendo esse princípio, tendo em vista que as pessoas não são iguais, vivemos em uma sociedade desigual. Assim como a saúde a comunicação não pode partir do pressuposto de que vivemos em um mundo igual, as informações chegam de formas diferentes as pessoas, as vezes podem nem chegar a um determinado território. Além disso, o acesso não é garantido somente pela oferta ou pela adequação da maioria dos receptores, tem-se que levar em conta a articulação dos contextos de circulação e apropriação. Importante salientar também que existem pessoas que não conseguem transmitir o que pensam e suas pautas, pois quem comanda a comunicação são as grandes mídias.

INTEGRALIDADE – A integralidade pressupõe que a pessoa deve ser vista em sua totalidade, de acordo com a sua especificidade e a especificidade do território. Um grande problema é a fragmentação do cuidado, dos saberes, do território. Importante fazer os seguintes questionamentos: quem está informando? Quem está comunicando? Quem está sendo ouvido?

Precisa-se compreender que a comunicação deve ser realizada de forma integral.

DESCENTRALIZAÇÃO – Movimento no sentido de desconcentração do poder. Opondo-se a concentração dos meios de produção, do capital econômico, da política, da mídia, da cultura. Entretanto, podemos perceber que os meios de comunicação são concentrados no que as instituições de maior poder querem comunicar.

Cito que em Porto Alegre temos o jornal boca de rua, jornal que busca dar voz as pessoas em situação de rua. Entretanto, ainda há pouco alcance desse jornal, tendo acesso as pessoas de um nicho e não toda a população, pois muitas pessoas acabam olhando para o jornal a partir de uma visão preconceituosa e de desprezo, não há como comparar com o diário gaúcho ou com a zero hora que exercem uma grande influência no que a população pensa.

Aqui saliento também a concessão para a televisão, como citado no vídeo visto, a qual pertence a todes, mas tem a capacidade limitada, pois quem ganha são as grandes empresas.

HIERARQUIZAÇÃO – Para o SUS tende a viabilizar o acesso dos serviços da rede ambulatorial em alta, média e baixa complexidade. Para a comunicação pode ser compreendida diante da visão de competência para falar, devendo-se ser compreendida a permitir que o Ministério da saúde, as autarquias, a secretaria estadual, a secretaria municipal, o conselho de saúde, a ONG, os movimentos diversos possam exercer o seu papel e ter uma comunicação em formato de rede.

PARTICIPAÇÃO – Recomenda que a sociedade possua uma participação ativa, no planejamento, na implantação e na fiscalização de políticas de saúde. Em relação a comunicação, pode-se pensar no fato de tanto os trabalhadores da saúde quanto a população, dependendo da posição em que se encontram na sociedade, não são ouvidos, não sendo levado em conta os seus conhecimentos e suas vivências. A comunicação tem que ser participativa, tem que auxiliar no aumento da participação da população no âmbito da saúde, levar em consideração os saberes das pessoas, dos grupos, do território. Dar voz ao saber diverso do biomédico específico.


    Ainda, saliento que a partir de leituras já efetuadas e da minha compreensão da sociedade eu acho que as empresas de comunicações, principalmente as que passam na tv aberta e jornais mais conhecidos, não utilizam sempre os princípios no cotidiano de suas ações. Vejo que essas empresas acabam tendendo para o lado das empresas que fazem propaganda nas emissoras, defendem o lado do público que querem que consuma as suas informações, muitas vezes sendo extremamente superficiais ao tratar de temas supercomplexos, visando algum lucro disso.

Vejo como exemplo o programa brasil urgente, que muitas pessoas utilizam como noticiário e que tem uma visão limitada dos fatos, mas tem o poder de influenciar no posicionamento da população.

Também vejo como exemplo a visão de SUS, que acaba sendo de boa parte da população, de que ele é um sistema falido que não dá certo, abrindo brechas para o tema da privatização.

Acredito que a comunicação tem um grande poder em suas mãos e alguns acabam usando isso para obter lucro e não seguem os princípios citados anteriormente.

Penso que ultimamente vivemos no mundo do imediatismo, muitas vezes não conferimos se a notícia é verdadeira ou não e acabamos sendo enganados por uma indústria que em muitos aspectos não quer o melhor para a população. Entendo como um grande avanço a tecnologia que temos atualmente, mas também foi criado um local cheio de Fake News. Sempre me indago em como saber qual o local que está falando o que é mais próximo do que acontece, qual local é mais confiável? Qual local quer comunicar para a população de forma simples e real? Qual local consegue se comunicar com a população?

Como sanitaristas são importantes essas reflexões e debates sobre essa temática para que possamos desempenhar nossas funções. 


O que vocês pensam sobre isso??? 

 

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